Como a amigdalite, uma infecção comum, pode esconder riscos de complicações
Morte recente de jovem em Goiânia chama a atenção para o fato de que a infecção de garganta é
Morte recente de jovem em Goiânia chama a atenção para o fato de que a infecção de garganta é comum, mas pode ter complicações e levar até à morte
Uma jovem, de 20 anos, morreu neste mês, em Goiânia, após apresentar complicações causadas por um quadro de infecção de garganta, a amigdalite. Ela chegou a receber atendimento no Hospital de Urgências de Goiás (Hugo), mas não resistiu. “Embora não se possa discutir especificamente esse caso, por falta de informações mais detalhadas, fica o alerta: infecção de garganta é comum, mas pode ter complicações”, alerta a otorrinolaringologista Juliana Caixeta.
De acordo com notícia divulgada no Portal 6, a jovem havia iniciado o tratamento com antibióticos depois do surgimento dos sintomas, porém o estado de saúde piorou nos dias seguintes. Durante a internação, exames apontaram a presença de um edema cerebral, que provocou um agravamento repentino do quadro clínico. Mesmo com todos os esforços da equipe médica, a jovem não resistiu.
“O que muitas pessoas não sabem é que a amigdalite pode ter complicações, como a formação de abscessos, febre reumática e a glomerulonefrite, uma alteração nos rins que precisa ser prontamente identificada e tratada. Em alguns casos, a infecção não controlada pode levar à sepse – conhecida como infecção generalizada – e à morte”, alerta Juliana Caixeta.
Conhecida como infecção de garganta, a amigdalite é a inflamação das amígdalas, duas estruturas pequenas localizadas no fundo da garganta que fazem parte do sistema de defesa do corpo, atuando como filtro contra microrganismos. Elas funcionam como a primeira linha de defesa contra vírus, bactérias e fungos, produzindo anticorpos para combater as infecções.
Estima-se que a amigdalite seja responsável por cerca de 1,3% das consultas médicas ambulatoriais no Brasil. É causada por infecções virais ou bacterianas. Os sintomas mais comuns são dor de garganta, dificuldade ou dor ao engolir líquidos e alimentos sólidos, febre, inchaço das amígdalas, ínguas no pescoço, mal-estar geral e, em casos de infecção bacteriana, podem aparecer pontos de pus nas amígdalas.
A infecção viral é a causa mais comum, provocada por vírus do resfriado, da gripe e da mononucleose. O tratamento envolve o controle dos sintomas com analgésicos e antitérmicos, além de hidratação e repouso. Já a infecção bacteriana ocorre quando bactérias, como o estreptococo, se multiplicam nas amígdalas. O tratamento exige o uso de antibióticos para eliminar a infecção, além de medicamentos para aliviar a dor e a febre.
“Diferenciar os quadros bacterianos dos virais nem sempre é fácil, mas a experiência da avaliação médica pode fazer toda a diferença. Em alguns locais, existe a possibilidade de se fazer testes rápidos para identificar alguns dos agentes mais comuns”, afirma a otorrinolaringologista.
A prevenção é sempre o melhor caminho. No caso da infecção das amígdalas, a médica Juliana Caixeta aconselha atitudes simples, mas que podem prevenir a amigdalite. Entre elas, praticar uma boa higiene, como lavar as mãos frequentemente, e cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar.
Complicações infecciosas e morte
A mortalidade em amigdalectomias é extremamente baixa, com taxas que variam de um para cada 16 mil a 35 mil, segundo a Fundação Otorrinolaringologia, de São Paulo. Embora muito rara, a morte por amigdalite pode ocorrer por complicações infecciosas não tratadas, a exemplo de abscesso; ou por complicações pós-cirúrgicas (amigdalectomia), como hemorragia.
Casos recentes de morte – que incluem uma jovem goiana por edema cerebral e um homem no Reino Unido por ataque cardíaco, ambos após um agravamento de sintomas – chamam atenção e servem de alerta. A alta taxa de mortalidade associada à amigdalite pode levar a investigações de negligência médica.

“Dentre as principais causas para as complicações, estão a agressividade das bactérias, resposta imunológica ineficaz do indivíduo, atraso no acesso ao atendimento médico e resistência aos antibióticos. O ideal, principalmente em casos de infecções de repetição e também em que o quadro não está evoluindo bem, é que o paciente procure o médico, preferencialmente o otorrinolaringologista”, alerta Juliana Caixeta.
A otorrinolaringologista salienta que a amigdalite bacteriana não tratada pode levar ao acúmulo de pus nas amígdalas, formando um abscesso, chamado abscesso periamigdaliano; e febre reumática, que pode afetar o coração. No caso das infecções que se espalham, podem levar a complicações mais graves, como edema cerebral, que pode ser fatal.
Existem alguns sinais que devem servir de alerta. Quando os sintomas de amigdalite não melhorarem após quatro dias de tratamento, é preciso procurar atendimento médico. A dificuldade para respirar pode indicar um quadro grave. Atenção à dificuldade para comer e beber, a incapacidade de engolir e se alimentar também é um sinal de alerta.



